Profissionais de saúde de Salvador discutem perfil epidemiológico das hepatites virais

Eliminar as hepatites virais até 2030. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde aos municípios brasileiros foi discutida durante o “Seminário Julho Amarelo: Mês de Prevenção as Hepatites Virais, entendendo os desafios para 2030”, realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS). As palestras, ministradas por especialistas, foram voltadas aos profissionais da rede municipal de saúde e ocorreram na última quinta-feira (1º), na Escola de Saúde Pública de Salvador, no Comércio.

A capacitação integrou a campanha do Julho Amarelo, que foi instituída no Brasil pela Lei 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais em todo o país. Durante a fala, a enfermeira do campo temático de enfrentamento as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da SMS, Jéssica França, fez questão de pontuar a importância da detecção como um dos pilares essenciais para alcançar o objetivo preconizado pelo Ministério.

“Fazemos um trabalho muito amplo de testagem para detecção das hepatites virais. A campanha é um momento simbólico, mas temos ações nos nossos postos o ano inteiro”, frisa. Segundo ela, reconhecer as hepatites virais é de suma importância, sendo a doença extremamente curável em 95% dos casos.

Reforço – O tratamento para a doença é gratuito e está disponível em toda rede municipal de saúde. A importância da identificação das hepatites, a realização do exame nas unidades, assim como a oferta do tratamento gratuito foram temas reforçados durante o seminário.

“Daí a importância dessa qualificação para profissionais que atuam na atenção primária à saúde, pois estão na ponta e prestam os primeiros cuidados de prevenção, detecção e rastreamento da doença”, destaca Jéssica. Ela reforça que a qualificação dos profissionais é também uma estratégia fundamental para traçar o perfil epidemiológico da doença em Salvador e, a partir das informações, definir as ações ainda mais precisas para combater e tratar as hepatites virais.

As regiões da Liberdade, Itapagipe e Centro Histórico, por exemplo, são consideradas “zona de calor vermelha”, aquelas em que há maior prevalência da hepatite B, forma adquirida através das relações sexuais. “Nessas localidades nossas ações serão focadas em táticas de prevenção. “A partir da perspectiva de cada distrito, a gente define a estratégia de atuação”, frisa.

Capacitações – Durante o painel “Estratégias para a eliminação das Hepatites virais no Brasil até 2030”, a enfermeira sanitarista da Diretoria de Vigilância da Saúde (Dvis), Flávia Guimarães, destacou que as capacitações de profissionais de saúde são fundamentais para alcançar a meta de eliminar as hepatites virais até 2030. “A campanha visa convidar as pessoas a procurarem às unidades de saúde para tomar as vacinas para prevenir. Além disso, reforçar a importância de detectar”, pontua.

“A doença tem cura, tem remédios, mas precisamos identificar. Então, a partir de 40 anos todo cidadão deve fazer o teste para hepatite, pelo menos uma vez ao ano, é uma premissa do Ministério da Saúde. Precisamos reforçar que é uma doença silenciosa – as hepatites B e C normalmente vão apresentar sintomas 20 a 30 anos depois do contágio”, assinala.

Prevalência e contágio – A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

No país, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos os tipos, independentemente do grau de lesão do fígado.

As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; pela relação sexual desprotegida; pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes; e da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical).

O contágio via transfusão de sangue já foi muito comum no passado, mas, atualmente é considerado raro, tendo em vista o maior controle e a melhoria das tecnologias de triagem de doadores, além da utilização de sistemas de controle de qualidade mais eficientes.

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