Com 2 mortes e 103 roubos a carro, moradores revelam 'medo' no Imbuí

Com população estimada em 65 mil moradores, o bairro do Imbuí, região de classe média de Salvador, tem concentrado reclamações relacionadas ao avanço da criminalidade. Há uma semana, o jovem Felipe Rauta Cabral, de 25 anos, foi baleado e morto durante um assalto a carro na Rua Alberto Fiúza.

No último mês, a região registrou o homicídio de um comerciante de 55 anos, nas Barracas do Imbuí, e o sequestro-relâmpago de uma mulher na Rua Casemiro Quiroga. A vítima foi libertada na BA-526 (Cia-Aeroporto).

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) apontam apenas um homicídio doloso no bairro em 2015. Já a Polícia Militar (PM) contabiliza dois homicídios, além da morte de um jovem de 20 anos na região do Bate-Facho, localidade periférica do bairro do Imbuí. Além dos homicídios, a SSP-BA relata 103 roubos a carro na região este ano, 14 a mais do que foram notificados em todo o ano de 2014. Em relação aos sequestros-relâmpago, o órgão tem o registro de apenas um em 2015, o mesmo número verificado em todo ano de 2014.

Por conta dos crimes, o bairro irá sediar neste sábado (8), na praça principal do Imbuí, na Avenida Jorge Amado, um protesto contra a violência. O evento está marcado para as 16h e o pedido dos organizadores é de que as participantes compareçam ao local vestidos de branco.

Relato de moradores

O G1 visitou diversas ruas do bairro e encontrou moradores preocupados. Morador da Rua Alberto Fiúza, onde Felipe Rauta foi morto, o jovem Marcos Chianechiano reclama da falta de policiamento no local à noite. "Em geral, são roubos de carro. Essa rua mesmo virou ponto de estacionamento das pessoas que vão para as Barracas do Imbuí. A polícia precisa estar aqui a partir da meia-noite. A justificativa é muito clara: aqui é um lugar de grande concentração de pessoas. É um local público de lazer e diversão", opina.

No "Villa do Imbuí", um condominio aberto do bairro, a advogada Vânia Ribeiro conta que crimes como sequestros-relâmpagos e assaltos são recorrentes. "No mês passado, uma vizinha foi sequestrada [após uma assalto a carro] e largada em Madre de Deus. Uma outra vizinha já tinha passado por isso também. Na semana passada, houve um tiroteio lá na frente. Na fuga, o bandido roubou o carro de uma pessoa que estava passando na hora. Diariamente tem roubo de celular. Estou entre as vítimas", conta.

Carla Caroline, de 22 anos, moradora da Rua das Patativas, disse que nunca que foi vítima de ação de bandidos no bairro. Entretanto, considera que, devido à grande concentração nas barracas, a fiscalização da polícia à noite deveria ser mais intensa. "Acho necessária, inclusive, uma melhor fiscalização da Lei Seca", sugere.
Quem não teve muita sorte na Rua das Patativas foi Érica das Virgens. Ela detalha que dois apartamentos do edifício onde morava foram arrombados e uma vizinha de porta teve três carros roubados. "Morei lá por quatro anos. Um dia, descendo para a academia, fui assaltada por dois rapazes em uma moto. Levaram meu celular. Por medo, decidi me mudar de rua", diz.
Lucy Andrade, que trabalha e mora no bairro, detalha que foi recentemente assaltada na Rua das Gaivotas. "Eram 10h30. Estava negociando com um cliente [em frente ao trabalho], quando dois homens em uma moto roubaram meu celular. Foi muito rápido", lembra.

Para Oscar Silva, que mora no bairro há 27 anos, o Imbuí é um bairro tranquilo. Ainda assim, destaca que a região passou por crescimento recente, diante da construção de grandes edifícios de classe média e novos centros comerciais. "Isso acabou atraindo a ação de alguns criminosos.
Aqui, temos agora uma grande concentração de pessoas e veículos. Mesmo assim, não acho que tenha se tornado um bairro violento. Na verdade, costuma ser bem tranquilo durante o dia. À noite, principalmente por causa das barracas, têm ocorrido alguns casos, especialmente de assaltos a carros", afirma.

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