Hospital Espanhol 'vive' 365 dias de agonia
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FONTE: BOCÃO NEWS
No apagar das luzes, o clima era de tensão nos corredores do imponente prédio azul, na Barra, em Salvador. Um ano depois - completando nesta quarta-feira (9) – a situação do Hospital Espanhol parece continuar às escuras para ex-funcionários, fornecedores e, principalmente, para a sociedade, que testemunhou o fechamento de 270 leitos em uma das principais unidades hospitalares da Bahia.
“Na época, todo mundo estava desesperado porque ninguém sabia como iria pagar as contas. Todos começaram a procurar outros meios de renda e sobrevivência. Mas não é só essa questão. A Saúde da Bahia perdeu um estabelecimento de referência e prejudicou a população”, recorda um dos ex-funcionários do Hospital Espanhol, Bruno Neres.
Após 365 dias com portas de consultórios e emergência fechadas, o destino do hospital pertencente à Real Sociedade Espanhola ainda é incerto. Uma audiência está marcada para o dia 27 deste mês na sede do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA), que não respondeu às solicitações do Bocão News.
O advogado da entidade, Washington Pimentel, faz prognóstico positivo quanto à reabertura do Espanhol. No entanto, não há prazos para que as dependências do equipamento sejam reabertas. “A gente agenda bastante positiva. Provavelmente, o hospital será reaberto, mas não temos prazos. Uma auditoria analisa propostas para tentar salvaguardar os direitos de sócios, trabalhistas, de fornecedores, além da manutenção da operação hospitalar, que deve ser feita por uma nova gestão”, relata Pimentel. A empresa responsável pela auditoria é a Pricewaterhousecoopers, que, “por razões contratuais”, não comenta assuntos relacionados aos seus clientes.
A dívida do Hospital Espanhol ultrapassa R$ 100 milhões e os débitos referem-se a ações trabalhistas, pagamento de fornecedores, questões fiscais e empréstimos. “Ninguém sabe como essa conta vai fechar. Se uma nova gestão se interessar, vai comprar bolacha quebrada”, define o presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindmed), Francisco Magalhães. Ao menos 700 médicos e 2,8 mil funcionários foram desligados da unidade hospitalar até o fechamento.
Segundo ele, há especulações de mercado que manifestam o interesse das empresas Amil e Copa D’Or na gestão hospitalar. “Só se falam nessas empresas. Elas têm se habilitado a assumir a compra por meio de leilão, que deve ocorrer no final de setembro”, completa Magalhães. As despesas com o equipamento fechado estão em torno de R$ 80 mil por mês, de acordo com o dirigente sindical.
A possibilidade de leilão, porém, é descartada pelo advogado da Real Sociedade Espanhola. “O que vai ocorrer é uma audiência de acordo global, que contemple todos os critérios estipulados pelos sócios da entidade”, afasta.