Dirigente diz que Messi e CR7 são 'velhos demais' para jogar no Leipzig

 

Nada de Messi ou Cristiano Ronaldo. "São velhos demais e caros demais", brinca Ralf Rangnick, diretor esportivo do RB Leipzig, surpreendente líder da Bundesliga, que se orgulho de um projeto que se apoia na formação de jovens talentos nas categorias de base.

Fundado em 2009, financiado e controlado a 100% pelo gigante austríaco dos energéticos Red Bull, o clube do leste da Alemanha teve uma ascensão meteórica, passando da quinta à primeira divisão em apenas sete temporadas.

O elenco não tem nenhuma estrela, com idade média de 23 anos, em sua grande maioria, pratas da casa.

No sábado, o Leipzig consolidou a liderança e se manteve invicto na Bundesliga ao derrotar por 2 a 1 o Schalke 04, time de tradição que Rangnik conhece muito bem, por tê-lo levado ao título da Copa da Alemanha em 2011, quando ainda era treinador.

O alemão de 58 anos abraçou a carreira de dirigente no ano seguinte, com o desafio de levar o time da Red Bull, então na quarta divisão, à elite do futebol nacional.

Para isso, ele dispensou jogadores experientes para contratar apenas promessas em início de carreira.

Mesmo com a perspectiva cada vez mais viável de disputar a Liga dos Campeões no ano que vem, o clube não pretende mudar sua estratégia.

Para Rangnik, nem pensar em gastar o dinheiro da empresa austríaca em contratações astronômicas, como fazem Paris Saint-Germain ou Manchester City com os petrodólares dos seus proprietários. Ou seja, Messi e CR7 só devem pisar no Red Bull Stadium como visitantes na Champions.

"Seria absurdo pensar que eles dariam certo aqui", argumenta o dirigente em encontro com jornalistas estrangeiros.

As últimas contratações do clube, de fato, não foram nada chamativas. O escocês Oliver Burke, de 19 anos, veio do Nottingham Forrest, da segunda divisão.

Já o zagueiro brasileiro Bernardo, de 21 anos, seguiu uma trajetória que define bem a filosofia do clube: foi revelado no Red Bull Brasil, teve a primeira experiência europeia no RB Salzburg e chegou agora ao clube alemão, onde são destinados os melhores jogadores das filiais.

"Temos a equipe mais jovem da Bundesliga, com menos experiência. Não sei se é uma revolução, mas é realmente inusitado ver uma equipe que jogava na quarta divisão há três anos e meio somar 33 pontos depois de 13 rodadas na sua primeira temporada na elite", analisa Rangnik.

Ele mesmo parece não acreditar em tal façanha. "Ninguém esperava isso", admite.

- Bayern na mira -

O RB Leipzig está voando em campo, mas fica longe de encantar a Alemanha, como foi o caso do Leicester, com o conto de fadas que terminou com o inesperado título inglês do ano passado.

A principal diferença é que o clube dos 'Midlands' tem 132 anos história, contra apenas sete do líder atual da Bundesliga, que enfrenta a rejeição de torcedores mais tradicionalistas.

O modelo econômico do Leipzig é alvo de fortes críticas e o time é visto por alguns como um mero objeto publicitário da marca de energéticos.

Rangnick já teve que lidar com uma polêmica semelhante, quando comandou na temporada 2008-2009 o Hoffenheim, financiado pelo bilionário Dietmar Hopp, presidente da empresa de informática SAP.

Na sua primeira temporada na Bundesliga, o time esteve nos primeiros lugares até a metade do campeonato.

"Quando um clube novo começa a se destacar, começa a ser visto como inimigo pelos torcedores rivais. Com o Hoffenheim, aconteceu exatamente a mesma coisa", recorda.

"Existem pessoas, não apenas em Leipzig, que acham que merecemos o que está acontecendo conosco neste momento, com jogadores tão novos", ponderou.

O trabalho de Rangnick é tão reconhecido que o alemão chegou até a ser cotado para ser técnico da Inglaterra depois da Eurocopa.

"Até mesmo se tivessem oferecido o cargo oficialmente, eu não teria deixado de trabalhar para a Red Bull. Estamos escrevendo nossa própria tradição, nossa própria história", resume.

A vantagem sobre o atual tetracampeão Bayern de Munique ainda é pequena, mas o dirigente não descarta a possibilidade de o Leipzig conquistar o título.

"Em uma temporada normal, o Bayern seria campeão, mas quem sabe essa temporada não é tão normal assim?", brinca.

"Nosso duelo em Munique (no dia 21 de dezembro) não será decisivo, mas será eletrizante", avisa.

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