Americano recebe transplante de rosto após 10 anos e volta a usar o espelho

  • "Superou em muito minhas expectativas", afirmou Andy Sandness, após receber novo rosto

Em 2006, quando tinha 21 anos, Andy Sandness tentou se matar com um tiro no queixo. Ele não morreu, mas ficou sem nariz e mandíbula, com a boca dilacerada, apenas dois dentes e sem visão do olho esquerdo, conta a agência de notícias AP. Arrependido, implorava para os médicos para que recuperassem seu rosto. Isso só ocorreu 10 anos depois, quando ele recebeu a face transplantada de um jovem que, como ele, atirara contra a cabeça --mas que não resistiu e morreu.

Antes do transplante, Sandness passou por cerca de oito cirurgias na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos.

Usando placas de titânio e ossos, músculo e pele retirados do quadril e da perna do jovem, os médicos conseguiram reconstruir sua mandíbula. Mas o rosto continuava desfigurado e ele não suportava se olhar no espelho.

Ao retornar para sua casa em uma pequena cidade de Wyoming, passou a trabalhar como aprendiz de eletricista, mas não conseguia levar uma vida normal, segundo reportagem da AP.

Andy Sandness, 31, antes e depois da cirurgia de transplante de rosto

Isolamento

Sua boca tinha apenas cerca de 2,5 centímetros de abertura, o que impossibilitava o uso de uma colher para se alimentar. Utilizava uma prótese de nariz que caia constantemente. Ele carregava consigo uma cola para reconectá-la na face. O nariz também perdia a cor e precisava ser repintado. Sandness tinha amigos e família, mas preferia se isolar no campo, onde caçava e pescava.

Contudo, uma esperança de mudança veio em 2012, quando o cirurgião plástico da clínica Mayo, Samir Mardini, especializado em reconstituição facial, deu início a um programa de transplante de rosto. A cirurgia envolvia uma série de riscos, como a rejeição do novo rosto e efeitos colaterais de drogas que evitam a rejeição: câncer de pele, infecções, diabetes e enfraquecimento dos ossos.

Mas Sandness acreditava que a cirurgia devolveria a ele uma vida normal. "Quando você tem aparência que eu tinha e vive do modo que eu vivia, se agarra a qualquer esperança", afirmou o norte-americano à agência AP.

 

Calen Ross se suicidou aos 21 anos com um tiro na cabeça; seu rosto foi doado a Sandness, que sobreviveu a uma tentativa semelhante de suicídio

 

Rosto doado por um suicida

Em junho, veio a notícia de que havia um potencial doador. Calen "Rudy" Ross se suicidou aos 21 anos, atirando contra a cabeça. A mesma idade de quando Sandness tentara tirar a própria vida. A viúva de Ross, Lily Ross, 19, autorizou a doação de seus órgãos, inclusive da face, após alguma resistência.

"Eu não queria andar por aí e de repente rever Calen", dizia ela. Os médicos conseguiram tranquilizá-la explicando que o paciente que receberia a doação de rosto tinha seus próprios olhos e testa e que não ficaria totalmente igual ao seu marido. Ela então consentiu o procedimento.

Uma tomografia computadorizada e outros testes indicaram muitas semelhanças entre os dois homens. Segundo Mardini, ao estudarem as fotos de Ross, os médicos se impressionaram. "Vimos quão perto eles eram na cor do cabelo, da pele. Poderiam ser primos", afirma.

O transplante durou 56 horas. Foram 24 horas para retirar o rosto do doador e outras 32 horas para implantá-la no paciente. Uma das partes mais difíceis foi identificar ramos de nervos faciais em ambos os rostos e estimulá-los com uma corrente elétrica. Isso permite que, quando Sandness pensa em sorrir ou fechar os olhos, esses movimentos realmente acontecem.

 

 

Rosto novo, vida nova

Após a cirurgia, quando os médicos entregaram um espelho a Sandness, ele começou a chorar. Ainda sem poder falar, escreveu em um papel. "Superou em muito minhas expectativas."

Agora, Sandness está fortalecendo os músculos faciais do novo rosto. Ele faz terapia para aprender a usar a língua em uma nova boca e mandíbula e falar de maneira clara. Também voltou a cheirar e respirar normalmente. E pode reconquistar prazeres da vida, como comer pizza e bife. "Depois que você perde algo que você teve para sempre, você sabe a dor que é não ter mais aquilo. E ao tê-lo de volta, é emocionante", diz Sandness.

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