Apoiadores de Bolsonaro fazem investigações virtuais e preocupam PF
FoTO: REPRODUÇÃO
A Polícia Federal tem se preocupado com uma espécie de apuração coletiva informal, realizada na internet por apoiadores do candidato à Presidência nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL), para apontar envolvidos no atentado a faca sofrido pelo deputado. A “caçada virtual” levou pessoas apontadas erroneamente como “suspeitas” a denunciarem o caso às autoridades. Essa movimentação em busca de culpados causou apreensão também entre integrantes da campanha, que vieram a público pedir cautela. O objetivo é evitar que pessoas sem vínculo com o atentado, entre eles um segurança do candidato, virassem alvo de agressões.
Entre os perfis apontados como suspeitos de participação do atentado pelos “investigadores virtuais” pelo menos duas mulheres com nome de Aryane Campos, ambas de Juiz de Fora, foram ameaçadas pela internet de morte e tiveram de comparecer à delegacia. Uma foi a pesquisadora em genética e doutora em Ciências Biológicas Aryane Campos Reis, da Universidade Federal de Juiz de Fora. A outra é a estudante Aryane Campos, de 18 anos, que contou à reportagem que estava em casa com a mãe quando Bolsonaro foi atacado. A reportagem identificou outros seis nomes com perfis divulgados em redes sociais, vinculados erroneamente ao atentado. O pizzaiolo Hugo Ricardo Bernardo, de 27 anos, chegou a brigar com militantes no PSL na passeata e foi hospitalizado. Detido e depois liberado, ele disse desconhecer o servente de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, preso em flagrante pelo ataque a Bolsonaro.
A prática de investigações coletivas por meios virtuais não é uma novidade. Nos Estados Unidos, uma investigação desse tipo resultou em suspeita infundada em casos de repercussão mundial, como o atentando da Maratona de Boston, em 2013. Na ocasião, homens identificados erroneamente foram ameaçados depois de expostos na internet e em capas de tabloides sensacionalistas do País. Internacionalmente, a prática ficou conhecida por termos como crowdsourced crime-solving e crowdsourced investigation.
Suspeitos de crimes identificados por engano na internet também já foram expostos e agredidos no Brasil. Um dos casos mais graves ocorreu em 2014, no Guarujá (SP). A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi espancada publicamente até a morte, depois de ser confundida com o retrato falado, divulgado em redes sociais, de uma suposta sequestradora de crianças. Logo após a facada em Bolsonaro e a prisão de Adélio, o círculo político mais próximo ao
presidenciável passou a colocar em dúvida a tese de que o criminoso agiu sozinho – a mais forte até agora na investigação da PF. Esse simpatizantes de Bolsonaro promoviam uma caçada à identidade de pessoas que apareciam nos vídeos gravados no momento do ataque, distribuídos por redes sociais e aplicativos como Facebook, WhatsApp e Twitter e a plataforma Reddit, espécie de fóruns para colagem de conteúdo sobre um mesmo assunto. O auge da ação ocorreu entre sexta-feira e a segunda-feira passadas. Coube a personalidades influentes entres os seguidores de Bolsonaro fazer os primeiros pedidos de cautela. A advogada Janaína Paschoal, coautora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e hoje candidata do PSL a deputada estadual em São Paulo, foi uma delas. Ela afirmou ter ficado preocupada e decidiu fazer o alerta por conta própria depois de receber vídeos e imagens em grupos Whatsapp de militantes, sem ter identificado nenhum núcleo de pessoas que esteja promovendo a investigação por conta própria. Por meio de nota, a PF orientou que relatos sobre crimes devem ser feitos preferencialmente de forma presencial nas delegacias e que outra opção é a ouvidoria do órgão na internet. “Em casos de grande repercussão é natural que um elevado número de comentários, críticas e denúncias correlatas cheguem à PF, pelos mais diversos meios. Preferencialmente, esses relatos devem ser feitos nas delegacias, de forma presencial, por parte do denunciante.
A PF conta também com um serviço de ouvidoria em seu sítio na internet”, disse ao Estado a assessoria de imprensa.
Estadão
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