FGM exibe série "A Pessoa por trás do Carrinho de Café" no YouTube
A Fundação Gregório de Mattos (FGM) exibe, no canal do YouTube (https://www.youtube.com/c/fundacaogregoriodemattos), a série documental “A Pessoa por trás do Carrinho de Café”. Ao todo serão seis episódios, cada um composto pela entrevista com um “cafezinho” ou “cafezinha”, e com duração de até 14 minutos.
“Cafezinho” ou “cafezinha” é a expressão usada pelos vendedores de café de Salvador para se autodefinirem. O documentário “A Pessoa por trás do Carrinho de Café” apresenta a história de vida de Cícero Barbosa de Matos (Doutor Café), Misael Balbino de Almeida (Café Rubro-Negro), José Carlos Gomes Teixeira, Cristiane Silva da Cruz (Cris Café), José dos Santos Silva (Zé) e José Carlos dos Santos (Carlinhos).
O primeiro episódio foi exibido na última quinta-feira (12) e mostra um pouco da força feminina, a partir da história da “cafezinha” Cristiane Silva da Cruz, conhecida como Cris Café. Nesse episódio, Cris conta um pouco sobre o enfrentamento para atuar na rua com uma atividade que é predominantemente masculina, traz um pouco da própria história de vida e do cardápio desenvolvido por ela, que conta hoje com mais de 100 sabores de café.
O segundo episódio será exibido nesta quinta (19) e trará a história de Misael Balbino de Almeida, o Café Rubro-Negro. Misael é um defensor do reconhecimento da atividade da venda de café com carrinhos como patrimônio cultural. Nesse segundo episódio ele, que atua como cafezinho na Estação da Lapa e na Piedade, vai contar um pouco da influência do trabalho que exercia como agricultor, juntamente com a família, no interior da Bahia, para a atividade que hoje exerce.
Projeto – Todas as quintas-feiras será exibido um episódio até a conclusão da série. A obra audiovisual faz parte do projeto Salvador Vai de Cafezinho, selecionado pelo prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural – Ano II da FGM. A primeira ação do projeto foi um desfile de carrinhos de café, realizado no dia 1º de abril, com direito à premiação, no Campo Grande. O desfile “Salvador Vai de Cafezinho” contou com cerca de 40 inscrições e com premiações para os dez primeiros classificados.
Em setembro, o projeto voltou à cena da capital baiana, a partir da realização do Cine Cafezinho, um evento audiovisual que reuniu o documentário “A Pessoa por trás do Carrinho de Café” e a masterclass “A Origem dos Cafezinhos”. A exibição fez parte do Festival da Primavera e ocorreu no Espaço Cultural da Barroquinha e na Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA). Em ambos os espaços a entrada foi gratuita.
A exibição da série no YouTube é uma oportunidade para que quem não pôde visitar o Cine Cafezinho possa conferir a produção audiovisual, que tem roteiro e direção-geral de Edvard Passos; parceria do Teatro Sesi Rio Vermelho e Sesi-BA e apoio do Café São Braz.
“A ideia, ao produzir esse trabalho, foi tentar entender quem são essas pessoas, como é a vida dessas pessoas, a origem, o trabalho, a rotina, os desafios e enfrentamentos. Esse trabalho faz parte de um programa maior que está desenhando uma salvaguarda da atividade dos cafezinhos na perspectiva do reconhecimento como patrimônio cultural imaterial”, afirma o diretor e roteirista Edvard Passos.
Salvaguarda – O Salvador Vai de Cafezinho é um projeto que objetiva a salvaguarda do ofício dos cafezinhos na luta pelo registro como patrimônio cultural imaterial de Salvador. São realizadas ações como oficinas, documentários, aulas, capacitação, desfiles com premiação e exposição dos cafezinhos finalistas, entre outras, que celebram os vendedores de café e seus carrinhos, uma invenção 100% soteropolitana.
História – Não existem documentos que sinalizem com precisão o ano do surgimento dos cafezinhos em Salvador. No entanto, matérias jornalísticas e entrevistas com os próprios vendedores, que serviram de fonte de pesquisa para a produção da dissertação “Um Patrimônio em Movimento: Os Carrinhos de Café nas Ruas de Salvador”, de autoria do museólogo e mestre Eduardo de Araújo Fróes, dão conta de que a venda de cafezinho em Salvador ocorre desde 1970, período em que crianças atuavam nesse comércio com suas guias de mão.
Ainda segundo a pesquisa, em 1980, surgem as guias com rodas adaptadas com um sistema de direção para facilitar o transporte das garrafas térmicas. Anos depois, as guias com rodas passaram por um processo criativo e inovador até se transformarem nos atuais carrinhos de café, alguns reproduzindo um caminhão; outros, um trio elétrico.
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS