Salvador recebe I Encontro Ibero-Americano de Cultura da OEI para discutir cultura e sustentabilidade
O Auditório Makota Valdina, localizada na Casa das Histórias de Salvador, no Comércio, recebeu nesta quinta (11) e sexta-feira (12) o I Encontro Ibero-americano de Cultura, realizado pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) com apoio da Prefeitura de Salvador. O evento discutiu oportunidades e desafios para a efetivação dos direitos culturais com painéis gratuitos sobre cultura e sustentabilidade.
Durante a abertura, o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, ressaltou que há um grande desafio a ser enfrentado, que é pensar de forma decolonial. “A região que a gente considera como ibero-americana vem de uma construção colonial. Nós estamos no centro de Salvador, que é uma cidade colonial. Então nós temos a obrigação de pensar de forma a desconstruir esses alicerces de pensamento e de opressão com os quais nós fomos construídos”, afirmou.
O diretor-geral de Cultura da OEI, Raphael Callou, ressaltou que o objetivo é construir, cada vez mais, um espaço de diálogo e colaboração. “Aqui em Salvador, estamos falando sobre diversidade cultural, afrodescendência e decolonialismo. A gente comenta que a coisa mais característica da identidade cultural ibero-americana é a unidade na diferença. Isso aqui em Salvador é um lugar muito simbólico e a gente teve a oportunidade de aprofundar esse debate de maneira bastante interessante. Aproveitamos também para debater a cultura e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, na medida em que a cultura notadamente tem uma influência sobre a longevidade, a qualidade de vida e o bem-estar, além da associação com outros setores como a educação”, afirmou.
Reflexões – Com o tema ‘Cultura e Desenvolvimento Sustentável para a Construção de uma Agenda Compartilhada’, o evento promoveu uma reflexão sobre Indústrias Culturais e Criativas, Educação Cultural e Artística, Cultura e Desenvolvimento Sustentável e Diversidade Cultural. Durante os dois dias de programação, especialistas de 19 nacionalidades e autoridades culturais ibero-americanas também debateram sobre as oportunidades e os desafios que a região enfrenta na efetivação dos direitos culturais, buscando assegurar a participação da sociedade na vida cultural, além de compreender melhor os efeitos da tecnologia sobre o setor.
O evento foi marcado pela realização de reuniões de trabalho e painéis com a participação de mais de 50 especialistas e autoridades culturais ibero-americanos, como João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Palmares; Yeison García, diretor do Centro Cultural “Espacio Afro” (Madri); Marcelo Campos, curador-chefe do Museu de Arte do Rio; Katti Osorio, presidente do ICOMOS Panamá; Jordi Tresserras, diretor do Laboratório em Patrimônio e Turismo Cultural da Universidade de Barcelona e ex-presidente do ICOMOS Espanha; João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho; Marcus Faustini, ex-secretário de Cultura do Rio de Janeiro e Gemma Carbó, diretora do Museu da Vida Rural da Fundação Carulla e presidenta da ConArte Internacional.
Pesquisador do Núcleo de Estudos Regionais e Agrários do Instituto de Geociência da Ufba, Alberto Viana assistiu ao diálogo aberto ‘Apresentação do Relatório Biodiversidade e o direito de participar da vida cultural’, com apresentação da diretora da Fundação Baketik, Maider Maraña.
“Foi um encontro muito rico, pois trouxe saberes e conhecimentos que até então a gente não tinha e confirmando outros conhecimentos e saberes de resultados de publicações científicas, que nós já detínhamos e que agora estão se confirmando por outras fontes, a exemplo dessa defesa da biodiversidade e da cultura como aliados e não como coisas estanques, como a ciência moderna colocou na nossa cabeça. Hoje até pelas questões das mudanças climáticas, a gente vê que homem e natureza são uma coisa só, parte do mesmo problema e da mesma solução”, opinou.
O encontro contou ainda com o diálogo aberto Cultura e Impacto Social. Convidado dessa mesa, o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, trouxe uma breve definição sobre cultura para a reflexão de todos.
“Cultura, em essência, é a promoção da vida. E é algo que garante a vida, não só humana, mas especialmente a humana, da civilização humana. São as nossas práticas e vivências culturais que garantem a vida. E quando você consegue criar oportunidade para uma vida plena, em todas as suas dimensões, essa experiência de vida plena na cultura é geradora de riqueza material, é geradora de expressão artística, de conhecimento e tradição. Com essa chave que a gente pensa cultura e impacto social”.
O evento teve ainda um diálogo com o público, uma conferência de encerramento e as saudações institucionais e coquetel de encerramento. O Encontro Ibero-americano também aconteceu no Rio de Janeiro, nos dias 8 e 9, e teve foco na educação cultural e nas indústrias culturais e artísticas.
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS