Lula desafia Temer, Serra e Moro em Salvador
Em discurso no 29º Encontro Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Salvador, ontem, o ex-presidente Lula praticamente deixou claro que será candidato à presidência da República em 2018. “Fico pedindo a Deus que apareçam outras pessoas para serem candidatas. Eu tenho 71 anos de idade, mas não parece. Estou me sentindo um menino, me sinto como um moleque de 35 anos. Temos um ano e pouco pela frente, este ano vou andar o país. Primeiro para recuperar a imagem do meu partido, e para recuperar a minha imagem”, disse Lula à militância.
Criticando as medidas do governo de Michel Temer (PMDB) e a “cassação dos direitos sociais” conquistados em seus mandatos, Lula afirmou que “se for necessário” será candidato outra vez. “Se eu for, não é só para disputar, é para ganhar as eleições e fazer o país voltar a acreditar na reforma agrária, no financiamento para pequenos produtores”. Lula afirmou que programas sociais criados pelo PT como o Bolsa Família e o Luz para Todos não são gastos, mas investimentos. “Pessoas são a verdadeira razão da construção de uma nação. Uma nação onde as decisões das coisas boas e das cosias ruins serão coletivas. Em que as pessoas mais humildes possam participar e dizer: ‘eu quero assim ou eu quero assado’.
Esse país aprendeu em pouco tempo que é possível a gente levar benefício para as pessoas mais humildes. E um programa como o ‘Luz para Todos’ só pode ser feito se o estado assumir a responsabilidade dos custos. Levar energia para uma pessoa tratar o leite, ferver água, dar um banho numa criança lá no fim do mundo é tão importante quanto levar água quente para uma madame tomar banho na Avenida Paulista ou Copacabana”, afirmou o ex-presidente.
Ele aproveitou a oportunidade para criticar o governo Temer, insinuou envolvimento dos Estados Unidos no cenário político brasileiro e pediu investigação de suposta influência dos EUA “junto ao juiz (Sérgio) Moro – responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância”, ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF). Em referência ao atual governo, Lula afirmou que “eles nunca aceitaram que esse país fosse independente de verdade”. “Esse pais é um continente sozinho. Esse país precisa parar de ter complexo de vira-lata”. O ex-presidente afirmou ainda que “eles querem criminalizar o PT e torná-lo um partido ilegal neste país”.
Militância faz coro por candidatura de petista
No ensejo do discurso acalorado de Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, conclamou o líder maior do partido a assumir o comando da legenda neste ano e, embora não tenha dito que a candidatura à presidência da República ainda não está decidida, deixou claro o desejo neste sentido, por parte dele e dos movimentos sociais de esquerda. “Nós ainda não tomamos a decisão, mas eu vejo nos lugares aonde vou que essa virou uma aspiração nacional”. Falcão ponderou que, para tanto, “é necessário” que a militância vá para as ruas contra o governo Temer. “É preciso gente na rua, defendendo o (ex) presidente (Lula)”. Rui Falcão minimizou o fato de Lula ser réu na Lava Jato. “São processo parciais, facciosos e de uma justiça que não merece ser considerada”.
Presidente nacional do MST, João Pedro Stédille afirmou que independentemente do pleito de 2018, “Lula é o eterno candidato dos movimentos”. “Temos dito que o que se realiza aqui é o encontro estadual do MST, e não precisamos do Parque de Exposições pra lançar Lula presidente, porque Lula é o candidato permanente não só do MST, mas de todo povo brasileiro”, disse Stédille.
FONTE: TRIBUNA DA BAHIA